sábado, 31 de julho de 2010

Estala coração de vidro pintado
















" Enquanto ela se arruma, o mundo para. O mundo dela, onde só existe o homem que aguarda. Nessa casa sem vínculos, vazio perfeito para encontros clandestinos. Ela tenta fazer, daquele quase nada, algo acolhedor. Quer oferecer, alimentar, provar o aconchego que crê que ele mereça. Porque ele é seu homem. Só seu, durante o tempo em que estiver naquela casa. Lar sem lembranças nem porta-retratos. Ilusão que ela finge não notar, e durará apenas o tempo livre daquele que espera. Já que ele não é dela e ela não é dele- embora se prepara como se fosse. Quer que o vazio esteja lindo, sem saber que lindo seria vê-la assim, acreditando num amor-para-sempre, que termina antes do anoitecer. Não é ingênua e nem cínica, é uma mulher; e gosta desse jogo, mesmo sabendo que, nele, nunca há vencedoras. Perdedora ou perdida, sente-se excitada. Quase aborrecida, por ele estar atrasado. Lembra, porém, de mais alguns detalhes que faltam no paraíso que quer ofertar. Circula pela casa, toma um vinho, escreve um poema. Vai tentar convencê-lo de quanto ela é perfeita. Ela escreve versos. Ela é livre, mas sabe cozinhar. Escuta um barulho, a seu corpo treme inteiro - ainda não é ele. Tenta ficar calma, mas seu coração, agora, não bate, estala, como um delicado cristal que, num brinde, trinca. Serve-se mais uma taça de vinho. Sente uma certa vontade de chorar. Tenta se distrair. Pode brincar um pouco enquanto ele não chega? Decide que sim, imaginando tudo que gostaria de fazer com ele. Algumas coisas que nunca fez, inclusive. Mas ele demora demais, e ela prefere não mexer onde não deve. O primeiro prazer daquela tarde deverá ser com ele, por ele. Mesmo reconhecendo que, no quarto escuro de sua mente, faça o que quiser, com quem quiser. Ele não precisa saber disso. Nenhum homem precisa saber que é na imaginação que a mulher esconde o tal ponto G. Ri. Vê a hora, começa ficar realmente irritada. Mais uma taça de vinho e o seu coração de vidro estalará mais forte, talvez forte demais. Tornando-a mais intensa em sua poesia e menos preocupada com refeição que esfria. Que casa é essa, afinal? Decide macular o branco daquele local asséptico. O mundo, afinal, não é apenas o local que seu homem habita - homem que nem é tão seu. E tudo fica melhor quando está tudo bagunçado. Então, desarruma tudo."

(Fernanda Young)

O que eu não entendo..

















Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.



Clarice Lispector

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Destino























Destino é só uma desculpa idiota para deixar as coisas acontecerem em vez de fazer com que elas aconteçam.

                               Blair Waldorf - Gossip Girl

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Fábula do Porco-Espinho












Durante a era glacial, muitos animais

morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação,

resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam

e se protegiam mutuamente; mas, os espinhos de cada
um feriam os companheiros mais próximos,

justamente os que ofereciam maior calor.
Por isso decidiram afastar-se uns dos outros

e voltaram a morrer congelados.


Então precisavam fazer uma escolha:

ou desapareceriam da Terra ou aceitavam
os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam assim a conviver
com as pequenas feridas que a relação

com uma pessoa muito próxima podia causar,
já que o mais importante era o calor do outro.
E assim sobreviveram!

Moral da História:


O melhor relacionamento não é aquele

que une

pessoas perfeitas, mas aquele

onde cada um aprende

a conviver com os defeitos do outro
e consegue admirar suas qualidades.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

AMOR NO CORAÇÃO










Chiquinha Gonzaga




Você me derrubou
Mais eu me levantei
Você me machucou
Mais eu te perdoei
Agora eu quero ver
O que tu vai fazer
O que tu fez comigo
Eu não faço com você
Eu só queria que você me esquecesse
Faça de conta que você nunca me viu
Não tenho medo da tua insinuação
A melhor coisa do mundo
É ter amor no coração

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Revolução Constitucionalista


























Um grupo de paulistas participante da Revolução Constitucionalista de 1932.

Em linhas gerais, a Revolução Constitucionalista de 1932 é compreendida como uma reação imediata aos novos rumos tomados pelo cenário político nacional sob o comando de Vargas. Os novos representantes estabelecidos no poder, alegando dar fim à hegemonia das oligarquias, decidiram extinguir o Congresso Nacional e os deputados das assembléias estaduais. No lugar das antigas personalidades políticas, delegados e interventores foram nomeados com o aval do presidente da República.

A visível perda de espaço político, sofrida pelos paulistas, impulsionou a organização de novos meios de se recolocar nesse cenário político controlado pelo governo de Vargas. O clima de hostilidades entre os paulistas e o governo Vargas aumentou com a nomeação do tenente João Alberto Lins de Barros, ex-participante da Coluna Prestes, como novo governador de São Paulo. O desagrado dessa medida atingiu até mesmo os integrantes do Partido Democrático de São Paulo, que apoiaram a ascensão do regime varguista.

Além disso, podemos levantar outras questões que marcaram a formação deste movimento. No ano de 1931, a queda do preço do café, em conseqüência da crise de 29, forçou o governo Vargas a comprar as sacas de café produzidas. Essa política de valorização do café também ordenou a proibição da abertura de novas áreas de plantio, o que motivou o deslocamento das populações camponesas para os centros urbanos de São Paulo.

Os problemas sociais causados pelo inchaço urbano agravaram um cenário já marcado pela crise econômica e as mudanças políticas. Talvez por isso, podemos levantar uma razão pela qual a revolução constitucionalista conseguiu mobilizar boa parte da população paulista. Mais do que atender os interesses das velhas oligarquias, os participantes deste movimento defendiam o estabelecimento de uma democracia plena, onde o respeito às leis pudessem intermediar um jogo político já tão desgastado pelo desmando e os golpes políticos.

Antes de pegar em armas, representantes políticos de São Paulo pressionaram para que o governo Vargas convocasse uma Constituinte e a ampliação da autonomia política dos Estados. Em resposta, depois de outros nomes, indicou o civil e paulista Pedro de Toledo como novo governador paulista. Logo em seguida, Getúlio Vargas formulou um novo Código Eleitoral que previa a organização de eleições para o ano seguinte. No entanto, um incidente entre estudantes e tenentistas acabou favorecendo a luta armada.

Em maio de 1932, um grupo de jovens estudantes tentou invadir a sede de um jornal favorável ao regime varguista. Durante o conflito – que já havia tomado as ruas da cidade de São Paulo – os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram assassinados por um grupo de tenentistas. As iniciais dos envolvidos no fato trágico inspiraram a elaboração do M.M.D.C., que defendia a luta armada contra Getúlio Vargas.

No dia 9 de julho de 1932, o conflito armado tomou seus primeiros passos sob a liderança dos generais Euclides de Figueiredo, Isidoro Dias Lopes e Bertoldo Klinger. O plano dos revolucionários era empreender um rápido ataque à sede do governo federal, forçando Getúlio Vargas a deixar o cargo ou negociar com os revoltosos. No entanto, a ampla participação militar não foi suficiente para fazer ampla oposição contra o governo central.

O esperado apoio aos insurgentes paulistas não foi obtido. O bloqueio naval da Marinha ao Porto de Santos impediu que simpatizantes de outros estados pudessem integrar a Revolução Constitucionalista. Já no mês de setembro daquele ano, as forças do governo federal tinham tomado diversas cidades de São Paulo. A superioridade das tropas governamentais forçou a rendição dos revolucionários no mês de outubro.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Cansei
























ele: eu te perdi, não foi?
ela: eu nunca fui sua.. eu cansei.
ele: de quê?
ela: de te esperar. Eu tenho algo chamado coração. Não vivo pra você.
ele: não tente esconder. Você ainda me ama.
ela: Amo sim e assumo. e sabe o que é mais difícil? eu abri mão de tudo..
ele: a gente ainda pode ser feliz.
ela: não, eu não quero. fiquei muito tempo com esse vazio, posso superar mais.
ele: para de ser orgulhosa..você quer ficar comigo.
ela: não é orgulho, e eu já aprendi a conviver com o que eu sinto.. não quero ter que sofrer a mesma coisa depois.
ele: eu não vou te abandonar.
ela: você já foi embora da minha vida, eu tive que continuar, sem você. Quer que eu faça o quê? Continue confiando?
ele: eu nunca quis te machucar.
ela: não mesmo, mas machucou.
ele: tudo bem, eu fiz você sofrer. eu sei, eu tenho consciência disso. mas passou, eu quero continuar com você.
ela: para de ser egoísta..eu fiquei aqui, sozinha, todo esse tempo. de repente voce volta, você vai embora.. e eu fico sempre aqui te esperando? eu te amo, será que é tão difícil de entender?
ele: isso não, mais você é difícil sim. eu tô aqui!
ela: você nunca se importou comigo, seja sincero.. eu sempre me senti sozinha.
ele: você não pode ficar vivendo do passado.
ela: isso não é viver do passado, isso é te conhecer, saber quem você é.
ele: eu estou disposto a fazer de tudo por você.
ela: eu preciso de mais.. mais que isso.

(Isso não era nada que ninguém entendesse.)

Yohanna