sexta-feira, 22 de abril de 2011

Para todo mundo menos você.



















Você não, já disse. Faça o favor de virar a página e seguir em frente na revista.
Estou esperando. Não adianta ficar aí quietinha, que eu sei que você continua lendo. Por gentileza, não insista.


Ih, já vi que você é teimosa. Mas eu também sou e gostaria que você não lesse esta carta. Queira parar, então.
Olha, você está prejudicando todas as outras pessoas do mundo com esse seu comportamento infantil. Eu tenho um assunto importante para tratar com elas e não vou escrever mais nada enquanto você estiver lendo.
Falando sério, não vou.
Você está a fim de me irritar, não é? Mas não vai conseguir.
Escuta aqui: vai parar de ler ou não vai?!


Gente, nunca vi uma pessoa tão cabeça-dura. Só que não vai adiantar. Eu peço mais uma vez que você passe para a próxima página. Eu não estou brincando. Não quero que você leia nem mais uma linha.
Qual o seu problema, hein? Quer parar com isso? Olha, estou te pedindo gentilmente. Chega, tá? Chega. Tudo bem, se você ler a próxima linha, juro que vou fi car repetindo a mesma letra até você desistir.




Eu avisei.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx








Nossa, você não desiste mesmo, hein? Muda logo de página, tem um monte de coisas interessantes no resto da revista. Tá, se é assim que você quer, eu não vou escrever mais uma palavra enquanto você estiver aí.


Lalá, lalalá, lalá...



Por que você é assim, hein? Custa fazer o que eu estou te pedindo? Última chance: ou pára de ler ou vai ter.
Só para a sua informação: o nosso Código Penal, em seu artigo 151, considera crime de violação de correspondência "devassar indevidamente o conteúdo de uma carta dirigida a outrem". E a pena é detenção de um a seis meses. Tem certeza de que vai continuar lendo? Lembre-se que as suas digitais estão impressas neste papel.
Já chega, vou ligar para o meu advogado.

Ok, vamos chegar a um acordo: você lê só mais uma linha e depois pára, tá?
Num ninho de mafagafos, havia cinco mafagafinhos. Pronto, agora pára. Pára!



É guerra, é? Então, se você ler mais uma linhazinha, eu vou espalhar para todo mundo uma coisa altamente comprometedora que eu sei sobre você. Altamente comprometedora.
Tudo bem, foi você que pediu. Lá vai:...

Tá, eu estava blefando, não sei nada de comprometedor sobre você. Mas posso descobrir. Contrato um detetive particular e fico por dentro de todos os seus podres. A menos que você pare de ler imediatamente.
Eu disse imediatamente. Tsk-tsk-tsk. É lamentável essa sua atitude. La-men-tá-vel.
Ah, quer saber? Quer continuar a ler, continua.
Essa porcaria de carta já está terminando mesmo.

PS: Não acredito - você ainda está aí?



Fernanda Young

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